Papéis, estrelas e... John, você fez de novo!!!



Por May

Lembro-me que há um tempo atrás, depois de ler A culpa é das estrelas e O teorema Katherine, logo após acabar a leitura do segundo, escrevi um texto que mostrava a minha total indignação com John Green, me sentia traída, sentia que ele estava usando a própria matemática contra mim, e o texto falava exatamente disso, dessa mania do John em escrever “estórias infinitas e ilimitadas”, ao menos era exatamente isso que ele parecia fazer, te oferece um trecho de um conjunto que te faz refletir sobre ele, “conhecê-lo” e apaixonar se por ele, e você pode até se sentir seguro o suficiente para citar alguns elementos ou até mesmo trechos pertencentes a esse conjunto, mas por outro lado, incapaz de falar do seu “fim” com total convicção, visto que o máximo que você pode fazer com relação aos “últimos elementos de um conjunto infinito e ilimitado” é imaginá-los... então você imagina um fim, e depois pensa: está errado, depois desse fim ainda há outro fim, e outro, e outro... e outros!
Hoje ao terminar de ler Cidades de papel, deparo-me com uma parte de mim que entende um pouco do John, uma parte que é madura o suficiente para compreender que aquela revolta outrora desencadeada era necessária, pois agora eu posso perceber que a intenção de John não era simplesmente criar “estórias infinitas e ilimitadas” ou usar a matemática contra mim, e sim tentar despertar-nos, para que não sejamos apenas mais uma pessoa de papel, em duas dimensões e totalmente sem profundidade. Pessoas fáceis de dobrar, de machucar, de moldar, de queimar... Pessoas que vivem se sentindo obrigadas a se encaixar na sociedade, como se fossem apenas mais uma peça de papel de um quebra-cabeça de papel...
Pessoas que vivem o futuro no presente, e acabam desperdiçando o presente da vida. Afinal, por que nos preocupamos tanto com o futuro, se nem ao menos temos convicção se amanhã estaremos vivos?!?!? Sei que é uma pergunta que grita e que não quer calar, eu também não sei a resposta. Mas de hoje em diante, quero viver mais o hoje, e amar mais as pessoas hoje, porque é hoje que elas precisam do meu amor e da minha atenção, e é hoje que eu posso distribui-los, ou pelo menos tentar...
Existem milhares de maneiras de se pensar na morte: “talvez os fios se arrebentem, talvez o navio naufrague ou talvez nós sejamos relva, nossas raízes tão independentes que ninguém estará morto enquanto houver alguém vivo. O que quero dizer é que as metáforas não são poucas. Mas você precisa ser cuidadoso ao escolher sua metáfora, porque ela faz diferença. Se escolher os fios, significa que está imaginando um mundo no qual você pode se arrebentar de forma irreparável. Se escolher a relva, então quer dizer que todos nós somos interligados e que usamos esse sistema radicular não apenas para compreendermos uns aos outros, mas também para nos tornamos o outro. As metáforas tem consequências. Está entendendo o que quero dizer?”
Margo Roth Spiegelman, olhos azuis, cabelos lisos e castanhos, corpo cheio de curvas... uma verdadeira “deusa”, ou pelo menos era assim que Quentin a via: um milagre. Margo era linda, popular, aventureira, desejável, admirável, corajosa, magnífica, esquisita e talvez até não chegue a ser exatamente um milagre, mas certamente é espetacular e apaixonante, especialmente por não ser precisamente quem os outros achavam que ela era, mas por ser simplesmente uma pessoa, assim como eu, assim como você... talvez apenas com um pouco mais ou um pouco menos de coragem, porque no fundo, todo mundo tem vontade de sumir de vez enquanto, mas nem todo mundo some como Margo, nem todo mundo adora um mistério o suficiente para acabar se tornando um.

                                                                                                                                

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